Vivemos numa sociedade cada vez mais materialista, onde o consumo desenfreado é bem aceite, onde mais é melhor, onde o ter é mais valorizado do que o ser, onde o sucesso é medido pelo número de coisas que possuímos, pelo tamanho das casas onde vivemos, pelo modelo do carro que conduzimos, pela marca das roupas que vestimos, assim como do valor financeiro de todas as coisas que possuímos, no velho dilema ser vs ter!
Mas porque é que a grande maioria de nós compra desmesuradamente e acumula coisas e mais coisas na sua vida e na sua casa?
A resposta a esta questão está na auto-estima, ou melhor na falta dela.
Quando a sociedade em que estamos inseridos é focada no materialismo, na fama, no prestígio, no ter, na comparação, no tamanho da casa em que vivemos, no modelo de carro que conduzimos, ensina-nos que temos pouco valor, que não somos bons o suficiente, reforçando a convicção de que se tivermos mais coisas teremos então mais valor! Uma cota parte da culpa está também nas excelentes estratégias de marketing com que somos constantemente bombardeados e a uma velocidade estonteante.
Sugiro a leitura do artigo Porque acumulamos tanta coisa
Mas voltemos à nossa baixa auto-estima e aos motivos com ela relacionados que nos levam a comprar e a acumular.
Muitos de nós estamos convictos que mais posses significam mais valor, outros tantos não nos sentimos realizados e temos necessidade de preencher o vazio, através das coisas. Há quem tenha medo da mudança ou medo de falhar e se esconda nas compras e nas coisas. Para alguns, a necessidade de agradar aos outros é a causa que leva ao consumo e à acumulação de coisas.
São estes alguns dos sentimentos que os marketeers e os influencers exploram e nos levam a crer que podemos facilmente ultrapassar com a aquisição de mais coisas.
Mas asseguro-vos que estão redondamente enganados.
Está mais do que provado que o consumo desenfreado, o tamanho da casa onde vivemos ou as coisas que acumulamos, só por si não nos trazem satisfação e não nos fazem felizes.
Além de que a acumulação excessiva de coisas tem como consequência, quase inevitável, a desordem para as nossas casas e para as nossas vidas, o que por sua vez alimenta o nosso sentimento de pouco valor, acabando por fazer sofrer a nossa auto-estima.
Como não nos sentimos valorizados e a nossa auto-estima está debilitada, para nos sentirmos melhor decidimos comprar mais coisas, como que para dar um input de valor a nós próprios, fazendo-nos entrar num ciclo vicioso tremendo, que começa com um sentimento de baixa auto-estima, consumo desenfreado que não nos traz a satisfação esperada, fazendo com que a nossa auto-estima sofra e por aí adiante.
É premente pararmos com este ciclo vicioso, é premente pararmos de consumir para nos sentirmos mais valorizados, é premente deixarmos de ser escravos da nossa conta bancária e de trabalhos que não nos realizam pessoal e profissionalmente, que roubam tempo aos que mais amamos, mas que mantemos para poder continuar a comprar coisas das quais não precisamos e que não nos fazem felizes.
É premente reflectirmos profundamente no Ser vs ter!
Quantas vezes nos sentimos envergonhados porque as nossas roupas não são daquela marca, ou não são a última tendência do mercado, ou porque as nossas casas são mais pequenas ou menos bonitas do que a do vizinho, ou porque o nosso carro não é um topo de gama?
E se nos começássemos a envergonhar porque temos o roupeiro atulhado de roupas que não usamos? Ou porque os nossos filhos têm brinquedos com os quais nunca brincaram? Ou porque a nossa casa está cheia de tralha desnecessária?
E se o excesso de coisas que temos fosse o motivo pelo qual nos sentimos envergonhados? É este o desafio que vos quero deixar.
Não temos todos mais do que precisamos na realidade? Não estaremos a sobrevalorizar as coisas? Não estarão os nossos óculos da realidade um pouco desfocados?
No Programa T.R.E.S. podemos abordar a temática do ser vs ter em conjunto e definirmos uma estratégia para o focar no que é verdadeiramente importante!
Vamos assumir-nos pelo que somos e não pelo que temos, reforçar o nosso valor enquanto seres humanos, trabalhando e reforçando a nossa auto-estima e a dos outros, priveliginado o Ser vs ter, e não nos esquecendo de passar esta mensagem aos nossos filhos, aos adultos de amanhã, que podem inverter de uma vez por todas este caminho sem sentido.
Poderá gostar de ler o Guia para Destralhar Casa e não voltar a acumular tralha, assim como do livro Essencialismo do Greg McKeown.